O Festival Literário da Sertã, conhecido como a Maratona de Leitura, surpreendeu este ano com um arranque absolutamente inédito, divertido e fiel ao seu espírito irreverente e criativo. Após anos a ouvir que “são uma maratona mas não correm”, a organização decidiu dar ouvidos à provocação e organizar… uma verdadeira corrida.
Mas não se tratou de uma corrida qualquer. Apadrinhado pela lendária maratonista Rosa Mota, o evento misturou literatura, desporto e humor em partes iguais, num tributo inesperado ao quinto centenário do nascimento de Luís Vaz de Camões. Idealizada por Fernando Alvim — conhecido pelas suas ideias tão ousadas quanto improváveis —, a iniciativa convidou os participantes a correrem pela Avenida da Sertã com um exemplar de Os Lusíadas na mão, uma pala no olho e uma coroa de louro na cabeça.
Os corredores-leitores aceitaram o desafio com entusiasmo, transformando o percurso numa autêntica epopeia camoniana vivida em tempo real. Entre risos, passos largos e estrofes declamadas em movimento, o insólito cortejo avançou como se cada verso servisse de combustível. A própria poesia ganhou corpo e fôlego, como se tivesse sido escrita para ser lida em corrida.

“Foi uma experiência absolutamente épica. Correr com Camões na mão é difícil, mas muito mais divertido do que esperava”, confessava uma participante, entre risadas e fôlego recuperado.
Com esta corrida literária, a Maratona de Leitura da Sertã reafirma-se como o festival literário mais bonito — e agora também mais original — do país, provando que a literatura não tem limites e que, afinal, também sabe correr.
