O Infarmed aprovou o financiamento público do Spravato (escetamina), tornando-o o primeiro medicamento psicadélico autorizado em Portugal para uso hospitalar no tratamento da depressão grave resistente.
Esta decisão, anunciada ontem, destina-se a adultos com Perturbação Depressiva Major que não responderam a pelo menos três tratamentos antidepressivos diferentes.

O Spravato será utilizado em associação com outros dois antidepressivos, especialmente em casos onde os pacientes tenham realizado psicoterapia e apresentem resistência ou contraindicação à eletroconvulsivoterapia, ou não tenham acesso a esta opção.
A aprovação coincide com a apresentação de recomendações por um grupo de trabalho que inclui as ordens dos médicos, farmacêuticos e psicólogos, bem como o Conselho Nacional de Ética. Este grupo defende que os psicadélicos sejam enquadrados como medicamentos, com acesso condicionado à prescrição médica e administração em ambiente clínico.
Albino Oliveira Maia, diretor da Unidade de Neuropsiquiatria da Fundação Champalimaud e membro do grupo, destacou que este movimento visa transformar substâncias tradicionalmente fora do âmbito médico em tratamentos regulamentados e seguros.
O Spravato representa um avanço significativo na abordagem terapêutica da depressão resistente em Portugal, oferecendo uma nova opção para pacientes que não obtiveram sucesso com tratamentos convencionais.