A primeira linha de caminho de ferro em Portugal foi inaugurada a 28 de outubro de 1856, marcando o início de uma nova era na história dos transportes nacionais. A ligação unia Lisboa ao Carregado, num percurso de cerca de 36 quilómetros, e simbolizou um passo decisivo rumo à modernização económica e social do país.
Foram utilizadas duas locomotivas a vapor construídas em Inglaterra especialmente para essa linha. Uma delas chamava-se “D. Pedro V”, em homenagem ao rei que inaugurou o percurso, e a outra chamava-se “D. Luiz”, em honra de seu irmão, o então infante D. Luiz (mais tarde rei D. Luís I).

O monarca, acompanhado por membros da família real e altas figuras do Estado, embarcou na viagem inaugural, que partiu da estação de Santa Apolónia, em Lisboa, e chegou ao Carregado após pouco mais de uma hora de trajeto.
O projeto foi promovido pela empresa Companhia Central Peninsular dos Caminhos de Ferro de Portugal, de capitais britânicos, num período em que o investimento estrangeiro era essencial para concretizar obras de grande dimensão. A construção da linha exigiu pontes, túneis e infraestruturas pioneiras, representando um enorme avanço técnico para o país da época.
A chegada do comboio revolucionou a forma como os portugueses se deslocavam e transportavam mercadorias. Pela primeira vez, era possível viajar entre Lisboa e o interior com rapidez, conforto e regularidade, favorecendo o comércio e o desenvolvimento das regiões atravessadas pela linha. Este primeiro troço viria mais tarde a integrar a Linha do Norte, que liga atualmente Lisboa ao Porto — o eixo ferroviário mais importante do país.
Mais do que um simples meio de transporte, a inauguração do caminho de ferro simbolizou o início de um Portugal mais conectado, moderno e industrializado, colocando o país no mapa da revolução dos transportes que transformava a Europa no século XIX.
Hoje, passados 169 anos, a efeméride recorda o valor da inovação e da visão estratégica de uma geração que acreditou no progresso como motor de desenvolvimento nacional.
O futuro em velocidade:
Portugal prepara-se para a Alta Velocidade
Hoje, Portugal dá novos passos na sua longa história ferroviária, com bilhete comprado para a Alta Velocidade. O Plano Ferroviário Nacional define um investimento histórico para transformar a rede ferroviária portuguesa, com projetos que ligarão regiões do país mais rapidamente, que ligarão Portugal à Europa. Entre os principais projetos destaca-se a nova Linha de Alta Velocidade Lisboa–Porto, que promete reduzir o tempo de viagem entre as duas maiores cidades para cerca de 1 hora e 15 minutos, muito abaixo das quase três horas atuais. A obra será desenvolvida em três fases:
Fase 1: Porto–Soure;
Fase 2: Soure–Carregado:
Fase3: Carregado–Lisboa.
O investimento europeu para o primeiro troço Lisboa–Porto ultrapassa 800 milhões de euros, dos 3 mil milhões de euros de financiamento aprovado pelo BEI, em 2024, para apoiar a construção da ligação de alta velocidade entre as duas maiores cidades de Portugal.A linha do Porto–Vigo também está em desenvolvimento, na perspetiva de reforçar a ligação transfronteiriça com Espanha. Em paralelo continuam os projetos de modernização e eletrificação de linhas convencionais e de requalificação de estações, consolidando uma rede ferroviária mais eficiente e moderna.


