A Federação Nacional dos Médicos (FNAM), liderada por Joana Bordalo e Sá, qualificou como “preocupante” a proposta apresentada esta quarta-feira pela ministra da Saúde, Ana Paula Martins, para a criação de urgências regionais, argumentando que a medida não resolve os problemas estruturais do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
De acordo com Joana Bordalo e Sá, manter apenas algumas urgências regionais pode agravar a situação, obrigando grávidas a percorrer longas distâncias – “cada quilómetro a mais pode ser fatal”. A presidente da FNAM alertou que existem já “36 bebés nasceram nas ambulâncias” em 2025, persistindo uma tendência preocupante aos longos deslocamentos para o acesso a cuidados de urgência obstétrica .A dirigente sindical assinalou que esta proposta surge como resposta a uma “falta de médicos” e criticou que elas sirvam mais para justificar encerramentos do que para garantir atendimento eficaz. A FNAM insiste que o “ponto de partida” deveria ser o reforço dos profissionais do SNS, assegurando equipas completas em todas as regiões .Em entrevistas à Lusa e à SIC Notícias, Joana Bordalo e Sá responsabilizou o Ministério da Saúde pela ausência de “soluções estruturais” que permitam melhorar a prestação de cuidados, criticando ainda um tom de “arrogância” nas negociações com a classe médica entre 2024 e 2025 .A FNAM relembrou casos recentes em que a precariedade do acesso a urgências resultou em mortes e partos em ambulâncias, recordando dois casos fatais da semana passada, e referindo que, em 2024, cerca de cinquenta bebés nasceram nestas condições .Joana Bordalo e Sá destacou que o problema não se restringe à Península de Setúbal — onde, segundo a ministra, o Hospital Garcia de Orta terá urgência obstétrica 24 h a partir de setembro —, mas estende-se a vários hospitais como Braga e Aveiro, que enfrentam contingências nos fins de semana .Para a FNAM, é igualmente preocupante que não tenha sido abordado o problema de 1,6 milhões de utentes sem médico de família, o que sobrecarrega os hospitais pela falha nos cuidados primários .Joana Bordalo e Sá concluiu que, em vez de “gestão de desculpas”, o país precisa que o Governo assuma responsabilidades claras e implemente medidas concretas — sobretudo reforçando recursos humanos em vez de transferir problemas geográficos e logísticos dentro do SNS .