As tentativas de burla por chamadas telefónicas e mensagens têm vindo a aumentar significativamente em Portugal, com os burlões a recorrerem a estratégias cada vez mais sofisticadas.
Muitas das chamadas utilizam números nacionais, o que dificulta a sua identificação como fraudulentas pelos sistemas de deteção automática de spam. Em vários casos, os criminosos recorrem a vozes geradas por inteligência artificial para simular situações credíveis, como ofertas de emprego ou investimentos de retorno garantido, exigindo pagamentos iniciais às vítimas. A Polícia Judiciária tem registado um número crescente de denúncias relacionadas com este tipo de crime. Só em 2023, foram feitas mais de 18.800 queixas ligadas a burlas informáticas, com prejuízos que ascendem a milhares de euros. No entanto, apesar da dimensão do problema, as redes criminosas que operam estes esquemas continuam a ser difíceis de rastrear e desmantelar. Os burlões utilizam frequentemente dados pessoais que recolhem nas redes sociais ou noutras fontes online para personalizar as abordagens e aumentar a eficácia do engano. Enquanto outros países europeus, como Itália, já começaram a implementar sistemas de bloqueio automático de chamadas fraudulentas, em Portugal ainda não foram adotadas medidas concretas para travar esta prática crescente. O fenómeno reflete um desafio cada vez mais presente na sociedade digital, exigindo uma resposta coordenada entre autoridades, operadores de telecomunicações e utilizadores.