O Dia da Espiga, celebrado em Portugal na Quinta-feira da Ascensão — 40 dias após a Páscoa —, é uma tradição profundamente enraizada na cultura popular portuguesa, com origens que remontam a rituais pagãos de celebração das primeiras colheitas.
Com o advento do Cristianismo, esta festividade foi associada à Ascensão de Jesus Cristo, integrando-se no calendário litúrgico católico. Neste dia, é costume realizar um passeio matinal pelos campos para colher espigas de cereais, flores silvestres e raminhos de oliveira, compondo o chamado “ramo da espiga”. Nas Escolas, existe ainda o hábito de assinalar a data, especialmente com os mais novos, que saem em passeio pedestre com os professores pelo campo em busca das plantas para o tão famoso raminho. Este ramo é tradicionalmente colocado atrás da porta de entrada das casas, onde permanece durante um ano como símbolo de prosperidade e proteção.
Cada elemento do ramo possui um significado simbólico: Espiga: representa o pão, símbolo do sustento.Papoila: simboliza o amor e a vida.Malmequer: associado à riqueza e aos bens materiais.Oliveira: emblema da paz e da luz.Videira: representa o vinho e a alegria.Alecrim: ligado à saúde e à força. Historicamente, o Dia da Espiga era considerado “o dia mais santo do ano”, durante o qual se acreditava que, ao meio-dia, tudo parava: as águas cessavam de correr, o pão não levedava e as folhas cruzavam-se. Era também um dia em que não se devia trabalhar. Este dia, em tempos idos, feriado nacional, deixou de o ser em 1952. Esta tradição, que combina elementos pagãos e cristãos, continua a ser uma expressão viva da ligação do povo português à terra, à natureza e às suas raízes culturais.